Em abril de 2003, a denúncia de que um homem estava usando drogas e atirando em via pública no Vale das Pedrinhas levou dois investigadores até a localidade, onde tiveram suas vidas modificadas por uma troca de tiros que terminou em uma morte.
Quase 20 anos depois, os investigadores Celso Moutinho e Claudio de Carvalho foram absolvidos por insuficiência de provas. Mas essa vitória não pode ser comemorada plenamente, uma vez que as vidas dos policiais foram abaladas pela injustiça e pelo desamparo por parte da instituição em que trabalham.
Durante o andamento do processo, os IPCs da Polícia Civil do Estado da Bahia (PC-BA) contaram com o suporte do Departamento Jurídico do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (SINDPOC) e foram acompanhados pelo advogado dr. Marcelo Duarte. A decisão pela absolvição foi publicada em Diário Oficial na Portaria nº 075/2023.
A vitória no Processo Administrativo Disciplinar (PAD), no entanto, não foi o bastante para reduzir a decepção pelo tratamento dispensado pela Polícia Civil, o que levou os investigadores ao estado constante de apreensão.
Para o investigador Celso Moutinho, ter lidado com uma acusação de um homicídio estremeceu todas as relações que mantinha, afetando desde a saúde mental até o casamento. “Esse processo me abalou profundamente. Perdi peso, sono, me separei”, relatou o IPC, que acabou buscando assistência psicológica para lidar com os transtornos.
Já o IPC Claudio de Castro explicou que os rumos tomados no processo até a absolvição “são, infelizmente, possibilidades para os profissionais. Policiais estão no enfrentaremos diário contra o crime e ficamos, por vezes, chateados, desmotivados demasiadamente com essa injustiça”.
O policial civil Castro refletiu sobre a importância de se fortalecer depois da vitória no inquérito. “A vida segue e temos que caminhar, ser fortes e de cabeça erguida pois sabemos que fizemos o certo e o que precisava ser feito ou não estaria nesse momento interagindo”, disse.
O IPC Moutinho comentou que sua maior expectativa após a decisão pela absolvição é se distanciar da instituição. “Ainda pesa uma segunda apuração onde, mesmo sem provas, um dos inquisidores pediu minha punição”, justificou o investigador, relatando outro processo que já está sob os cuidados da equipe jurídica da entidade sindical.
O Departamento Jurídico do SINDPOC segue acompanhando os nossos associados, prestando o amparo legal necessário e concedendo o todo suporte para a manutenção da justiça em defesa dos nossos colegas.