Com faixas, cartazes, apitos e carros de som, policiais civis baianos lançam campanha que denuncia os casos recorrentes de assédio moral e sexual que ocorrem na Polícia Civil baiana, na próxima quarta-feira(4), das 9 hs às 13hs, em frente ao prédio da Polícia Civil, localizado na praça da Piedade, centro da capital baiana. Devido ao percentual elevado de servidores que adquirem problemas psicológicos como ansiedade, depressão, síndrome de burnout e vários casos de suicídio originados pelos constantes assédios, o Movimento Juntos Somos + Fortes comnoticiao pelo Sindpoc, Unipol, Assipoc, Sindpep e Aepeb protestam contra o quadro de adoecimemto dos investigadores, escrivães e peritos técnicos do Estado.
Segundo o Presidente do Sindpoc, Eustácio Lopes, a Polícia Civil possui uma quantidade alarmante de servidores afastados por problemas psicológicos fruto da cultura institucional do assédio. " Por falta de informação, muitas vezes, os policiais não conseguem identificar que estão sendo vítimas de assédio. Por isso, as entidades resolveram fazer a campanha para esclarecer, informar e estimular os servidores a fazerem suas denúncias e, de uma certa forma, também queremos tentar inibir os assediadores", destaca o sindicalista.
O investigador e Presidente da Assipoc, Ary Alves, denuncia que o nível de assédio moral na Polícia Civil é tão elevado que chega ao ponto dos servidores sentirem medo de emitir opinião durante o horário de expediente por terem receio de serem retirados da escala extra. "Os investigadores e escrivães recebem menos de 30% do salário dos delegados. Assim, acabamos nos submetendo totalmente aos delegados para não perdermos a escala extra que nos ajuda na remuneração do final do mês", aponta o servidor.
Para o investigador e representante da Unipol, Denilson Campos Neves, o problema do assédio moral e sexual é estruturante na Polícia Civil baiana, não configura-se como algo pontual, como exceção. Muito pelo contrário, apresenta-se como uma regra. "A campanha vai denunciar e revelar as vísceras da Polícia Civil! Precisamos encontrar políticas institucionais que apresentem soluções para esse problema que vem adoecendo os policiais civis e que interfere diretamente na qualidade do serviço que é prestado à sociedade", defende o servidor.
O Presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia (AEPEB-Sindicato), Luiz Carlos, afirma que o assédio foi naturalizado nas relações institucionais da Polícia Civil e denuncia os constantes desvios de função os quais os servidores são submetidos cotidianamente. "Querem obrigar o servidor a realizar atribuições que não são da sua competência. Quando ele se recusa, é assediado e ainda tem que responder à sindicância ou Processo Administrativo. Precisamos de um ambiente de trabalho saudável onde cada um exerça as funções que lhe foram atribuídas", argumenta o escrivão, ao ressaltar que o assédio sexual atinge tanto as mulheres como os homens na Polícia Civil.
A perita técnica e Presidente do Sindpep, Clarissa Gomes, destaca que o assédio não causa danos apenas ao servidor que está sendo assediado, gera danos à toda estrutura familiar que se envolve emocionalmente e adoece junto com o servidor. "O Estado precisa olhar seriamente para essa questão do assédio e os prejuízos que vem causando há muito tempo", frisa.